Eu sempre fico imaginando quando muda o CEO de uma organização e às vezes vem uma pessoa com uma experiência muito diferente da atividade daquela empresa em que o líder vai dirigir. Eu costumo dizer que um líder desses precisaria estudar a organização, estudar o próprio ramo, conversar com os funcionários, conversar com outros líderes, conversar com os clientes, entender aquele ecossistema de negócios seis meses antes de assumir a nova posição. Essa ideia de, no dia seguinte a pessoa assume e já está tomando decisões é muito estranha. Parece que não bate porque essa preparação é fundamental para que o senso de julgamento seja refinado e o novo CEO comece a tomar decisões quando assumir depois de seis meses com sabedoria desde os primeiros momentos desse período que ele efetivamente irá assumir. A mesma coisa vale para o governo. Agora nós temos um novo presidente. Só de pensar nas dezenas de milhares de cargos que ele vai ter que preencher e o desafio de ter gente competente para assumir essas posições chaves mas também encontrar um jeito de resolver as equações que estão na mesa – algumas mais claras e outras nem tanto. Algumas talvez até mais fáceis, outras extremamente difíceis e até consideradas equações impossíveis.
E é esse momento em que o governo vai ter que tomar pé da situação. Vai ser um trabalho gigantesco. Isso significa que até o governo começar a fazer o que precisa fazer, precisará de um tempo que pode não ser curto. O que significa que haverá espaços em branco que nós, da iniciativa privada – onde há uma quantidade enorme de especialistas e até gênios – deveríamos estar ajudando o governo a preencher essas lacunas, esses espaços em branco numa busca mesmo de participação. Com um espírito cidadão que nós podemos ter, como empresa cidadã e também como um líder cidadão. para efetivamente ajudar a fazer com que, nesse período, esses espaços em branco sejam preenchidos mais eficazmente.
Como é que nós podemos usar toda a nossa especialidade, toda a nossa genialidade coletiva inclusive e ajudar o novo governo a fazer com que essas equações do país sejam resolvidas mais eficazmente?
Considero esse momento um chamado e nós não temos uma boa tradição neste sentido. Então vamos aproveitar muito este momento. E nós, como empresas cidadãs, vamos nos envolver e nos colocarmos à disposição para ajudar o governo e fazer com que essa transição seja a mais eficaz possível. O país tem interesse. E isso significa também nós como pessoas. Além de líderes de nossas organizações, somos cidadãos. Parece que nós estamos no momento em que nós temos que elevar essa aspiração de ação cidadã e sair dessa ideia de que cidadania é só votar obrigatoriamente e fazer protestos em praça pública. Cidadania pra valer é muito mais do que isso. É a ideia de colocar o que há de melhor em nós à disposição, para fazer com que os anseios da população e as equações que existem na gestão pública aconteçam da forma mais eficaz. É pra ajudar o país. Parece que esse é um momento de enorme participação e envolvimento de todos nós. Estamos juntas nessa.