Como desenvolver a cidadania consciente

A prática da Ética de Si leva naturalmente a maior participação cívica e amplia as oportunidades para a cidadania consciente.

Neste podcast eu queria conversar um pouco com vocês sobre essa ideia de ética como a escolha pelo bem comum, a democracia, essa ideia da sociedade que toma conta de si, o papel do cidadão. Na verdade o papel nosso, o seu papel, o meu papel etc. Algo que a gente talvez não reflita de forma profunda. Então, queria deixar aqui alguns subsídios para uma reflexão mais profunda sobre o papel de cada cidadão na democracia que busca efetivamente o bem comum.  Então, é aí que entra essa ideia também de que nós precisamos pensar em sistemas democráticos melhores, ou seja, nós precisamos aperfeiçoar o sistema democrático e essa ideia da sociedade que toma conta de si.

Se nós dependemos, por exemplo, para a nossa participação nos destinos do país, de nossos representantes, nós temos que pensar que há muitas distorções no processo de escolha de representantes. É aqui que nós temos conversado um bocado sobre essa questão de votar com base numa fotografia da pessoa e o número do seu registro. Eu acho isso muito estranho, e eu tenho trabalhado essa questão, esse paradoxo, de a gente escolher estranhos, escolher pessoas que a gente não tem menor ideia de quem são e quais são os seus valores, para nos representar no Congresso. De tal forma que o Congresso tome decisões em nosso nome. A coisa pega uma perspectiva diferente para todo mundo quando a gente diz: Nessas eleições você vai dar procuração total para te representar no Congresso para quem? Procuração. Quando a gente usa essa palavra as pessoas ficam meio ouriçadas. Mas um voto é exatamente isso.  Nós estamos dando uma procuração ampla e irrestrita para alguém nos representar nos órgãos que decidem os destinos do país. Então, essa é uma coisa que muitas vezes a gente não pensa desse jeito. E não olha o sistema como se fosse algo que a gente precisasse aperfeiçoar

É aí que entra o cidadão esclarecido, o cidadão consciente, o cidadão que pensa e não simplesmente entra no piloto automático no sistema existente. Sem questionar. sem essa postura crítica. E dizemos que isso faz sentido? Isso está levando o melhor para o país? Isso está funcionando? Por isso nós temos incentivado muitos cidadãos a pensarem um pouco sobre o paradoxo dos sistemas ao nosso redor. E aí a gente olha e vê a tecnologia que está chegando em tantos setores da nossa vida. A gente fala de tecnologia, precisamos de coisas disruptivas, precisamos reinventar a organização, o trabalho em função da tecnologia. Mas, por outro lado, a tecnologia também está permitindo que pela primeira vez na história a gente consiga viabilizar o conceito de democracia direta e não a representativa.

Se a gente pensar profundamente sobre essa questão, por que a gente tem a democracia representativa?  Porque simplesmente não dá para milhares ou milhões de pessoas dialogarem para chegar a um consenso. Não dá ou não dava.  Por outro lado, pela primeira vez nós conseguimos conversar com alguém do outro lado do planeta a custo zero usando a tecnologia que nós temos hoje. E aí a gente pode olhar todas essas possibilidades, isto que parecia impossível no passado, que é todos os cidadãos conversarem entre si para chegarem a uma decisão em comum, esse negócio está chegando muito perto da nossa realidade.

Então, na verdade, o que nós temos que pensar são as distorções do sistema representativo. Que eu acho difícil de a gente mudar, melhorar.  A gente quer melhorar algo que está obsoleto. Temos condições, sendo cada vez mais participativos, de ir para democracia direta usando a tecnologia que nós temos. O que significa que o papel do cidadão, os direitos do cidadão, a força do cidadão estão aumentando exponencialmente a cada dia na medida que essas tecnologias nos permitem entrar, fazer diferença onde quer que a gente esteja. Podemos inclusive mudar a nossa organização a partir de onde estejamos. Não preciso ser o presidente. Eu posso me comunicar muito amplamente com a base do mercado. Eu posso conversar com nossos colegas de outras organizações, posso fazer uma série de coisas, trocar ideias, me autodesenvolver, expor essas ideias para os meus colegas a partir da tecnologia e começar a gerar um movimento que vai fazer a própria organização se transformar E por que não o país inteiro? Estamos vendo hoje, inclusive no Congresso, projetos de tecnologia que permitem que o cidadão consiga entrar com projetos de lei rapidamente. Antigamente a gente precisava de assinaturas físicas. Daqui a pouco se nós temos identidade digital de cada cidadão, esse processo de ter milhões de pessoas aderindo e suportando um projeto de lei será uma coisa muito rápida e fácil de fazer.

Isso já está começando a se configurar e é impressionante como vai mudar a cara da democracia do país. Agora, é interessante que se eu não tomar cuidado eu tenho o paradoxo de ter representantes no Congresso eleitos de um jeito estranho e com todas as distorções convivendo com esse outro lado de participação mais direta do cidadão. Fase de transição? Com certeza, mas a gente vai ter que fazer essa transição muito rapidamente sabendo onde nós queremos chegar. Se queremos uma democracia mais ampla, fazendo com que esse diálogo de pessoas diferentes, com ideias diferentes, culturas diferentes, especialidades diferentes, consigam dialogar usando a tecnologia existente de uma forma bastante eficaz e tal forma que as decisões que são tomadas em nome do povo sejam genuínas e efetivamente levem a concretização a tangibilização desse conceito de bem comum.

As possibilidades são imensas. E mais uma vez seria muito interessante que nós todos sejamos catalisadores de diálogos sobre este assunto. Isso vai fazer com que mais e mais pessoas comecem a se conscientizar das mudanças que nós precisamos introduzir em nosso país, em nossa democracia. É assim que a gente vai chegar lá. Cada vez com mais ação e pequenos diálogos e a tecnologia ajudando a fazer com que isso atenda a uma escala que um país como o Brasil merece.

Então, pessoal, o que nós tentamos trazer nesse podcast de hoje são algumas reflexões sobre o papel do cidadão e espero que isso faça com que vocês também compartilhem este podcast com as pessoas ao seu redor.  Vamos viralizando de um jeito bastante amplo e profundo. Significa que não é só passar para alguém, mas é provocar conversas até eletronicamente, ouvir na internet. E também presencialmente. Eu acho que é fundamental que a gente comece a aprofundar a qualidade dos nossos diálogos. É isso que vai gerar uma evolução nossa contínua e também fazer com que nós nos capacitemos cada vez melhor para participar de uma forma construtiva no lugar onde a gente mora, na sociedade, na nossa comunidade e no país.

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