Democracia, sustentabilidade, diversidade, economia, polarização. O resgate da ética é o ponto principal para a evolução do Brasil em todas essas questões (e outras que afligem o nosso país hoje). Mas começa dentro de cada um de nós.
Olá pessoal. Hoje vou fazer alguns comentários e vou compartilhar com vocês algumas reflexões sobre ética. Ética no nosso dia a dia, ética na sociedade. Se a gente começa a pensar mais profundamente sobre as implicações da ética no nosso dia a dia, este é um campo extraordinariamente amplo. Mas eu gostaria de começar pelo início, quando a gente pensa um pouco sobre a definição de ética.
Eu gosto da definição que vem da filosofia de que ética é a escolha pelo bem comum. Num certo sentido, ética é o oposto do egoísmo. Eu estou o tempo todo pensando no bem-estar de todos. Aliás, de todos os seres vivos, o que me remete para a questão da sustentabilidade. A sustentabilidade também tem uma raiz ética. É aí que, quando a gente começa a pensar sobre isso, é assim: sair de todo tipo de egoísmo, sair do pensar em mim, no meu próprio bem, esquecendo os outros. É aí que temos uma questão cultural no país. Eu costumo dizer que se você um dia virasse presidente do país, talvez a sua prioridade maior fosse resgatar os valores e a ética no país. Eu brinco e digo que a segunda deveria ser também o resgate da ética e dos valores. E a terceira idem, porque a ética está ligada a tudo. E especialmente hoje, quando nós estamos o tempo todo lutando em relação a questões da economia, sem ética não é possível otimizar a economia.
Tenho dito isso quase como um mantra. Porque as pessoas querem fazer manobras e estratégias, impor controles etc. para fazer com que a economia ande. Mas no fundo o que vai assegurar que a economia ande e flua da melhor forma possível é a ética. A gente sentir que esses valores estão presentes em todas as relações que existem na sociedade.Aí é impressionante onde a economia pode chegar. Por outro lado, a ausência desses valores, a gente tá vendo todo dia não só em nosso país mas em muitos lugares pelo mundo, a gente não consegue fazer com que a economia funcione para todos. E o agregado também não evolui. Então, no dia a dia isso significa que a gente, a cada coisa que a gente faça, nós temos que pensar no bem de todos.
Por isso que nós temos até falado sobre o conceito de ética de si. Se nós estamos buscando essa sociedade mais ética, nós vamos ter que pensar o tempo todo em nos gerenciarmos, em nos liderarmos. Estarmos o tempo todo dizendo: Isso que eu estou tentando fazer é bom para todos ou eu estou sendo simplesmente egoísta nisto que eu estou fazendo? E aí eu incluiria também o egoísmo coletivo. É aquela ideia de que é a minha empresa que importa, o resto que se dane. É meu país que importa, o resto que se dane. Então é isso também. A gente olha ao redor da gente e começa a ver, por exemplo, o egoísmo coletivo de uma sociedade inteira que egoisticamente está tentando puxar todas as vantagens para si, esquecendo outros países, outras populações, outras pessoas, outros seres vivos.
Na medida em que refletimos alguns minutos por dia sobre esta questão, nosso dia a dia já começa a ficar diferente. A cada movimento que a gente faz, a gente pensa: Será que isso é para o bem de todos ou não? O grande guia está dentro de nós.
E aqui eu queria também fazer uma conexão entre ética e democracia. Porque se nós estamos falando o tempo todo sobre o bem comum, estamos dizendo que é esse o grande objetivo da democracia, assegurar que a sociedade tome conta de si sempre buscando o melhor para todos. A gente fala de democracia e já vem à mente a diversidade. Eu costumo dizer, e temos trabalhado bastante no APG essa ideia, que nós não temos um só Brasil. Nós temos vários brasis. Na época que eu estudei na faculdade, a gente trabalhava os dois brasis. Mas hoje a gente olha e nós temos vários brasis. E se nós estamos no nível federal, a gente deveria pensar em todos os brasis. Adotar medidas que vão assegurar o melhor para o agregado dos vários brasis, e não simplesmente algo que pode funcionar para um dos brasis e não funcionar para outros. Mas para isso tudo nós precisamos estar com foco no bem comum. Podemos ter pessoas muito diferentes, diferentes brasis de diferentes áreas, cabeças diferentes, culturas diferentes. Mas que no momento em que nós estamos numa democracia, temos que ter diálogo de alta qualidade em que os diversos entram no diálogo, têm pontos de vista até contrários. A gente fala até da polarização que existe e a gente pode manter a nossa posição. Mas se não quiser se engajar no diálogo, a gente jamais vai chegar ao bem comum.
Diversidade é uma coisa super valorizada hoje, mas eu digo que a diversidade pela diversidade pode levar até o extremo de ninguém se entender. Por outro lado, a diversidade é algo extremamente rico, extremamente valioso em grupos, comunidades e países onde há um diálogo profundo, respeitoso, em que a gente ouve a opinião do outro e processa as suas próprias opiniões e vai evoluindo. E o diálogo pode levar à evolução de todas as partes, todos os integrantes do diálogo. Leva à evolução e esse estado mais evoluído leva a um consenso, leva a uma unanimidade, que é o melhor caminho para todos. Então, aí a gente começa a ver, por exemplo, se a gente parte desse raciocínio, as distorções que a gente tem na nossa sociedade hoje. Então a gente vê a diversidade, mas cada um está no seu canto, defendendo o seu egoisticamente. É aí que a gente fecha o círculo e diz: Não é isso que nós precisamos.Precisamos efetivamente de diversidade, de posições diferentes, mas todos pensando no bem comum. E isso leva a diálogos mais profundos, autênticos, que chegam às melhores soluções para todos.
Essa é a reflexão que eu queria deixar para vocês, para que vocês possam ir refletindo sobre esse paradoxo que nós temos em nossa sociedade, em nossa organização muitas vezes E talvez todos nós pensarmos individualmente que eu tenho que mudar a minha atitude, no dia a dia, para ser um cidadão que realmente contribua para construção desse bem comum. Então, se a gente tiver essas reflexões em mente, provavelmente o nosso dia a dia já vai começar diferente na nossa própria família. Então, estas são as reflexões.
Espero que esse podcast possa contribuir pelo menos um pouquinho para não só a sua evolução, mas de todas as pessoas ao seu redor. Que tal também ouvir em conjunto esse podcast e até isso ser o catalisador de diálogos significativos? Diálogos significativos nos levam a evoluir o tempo inteiro.