Neste podcast, Oscar Motomura faz uma reflexão sobre a importância dos líderes estarem em contato com a “realidade real” das organizações (em oposição à realidade reportada/mensurada).
Nas organizações em geral, estamos tentando medir tudo. Parece que trabalhamos com a premissa de que só conseguimos gerenciar o que medimos. Esse é um grande paradoxo porque talvez as coisas mais essenciais da vida não são mensuráveis, e se não são mensuráveis, as coisas mais importantes não são gerenciáveis. Eu fico imaginando o que é que nós líderes estamos fazendo porque para tudo o que eventualmente pode ser mensurado, quantificado, avaliado, acompanhado, tem muita gente capaz de fazer isso e talvez até o computador consiga fazer isso melhor do que o ser humano. Por outro lado, se a gente começa a se perguntar “como está o nível de motivação e engajamento das pessoas”, até inventamos formas indiretas de tentar saber o que é isso e como é que estamos.
Temos que estar absolutamente conscientes que são truques que se criam para tentar mensurar o que não é mensurável. Agora, se a gente acredita em tudo e vem impresso, em tudo o que vem com números, tudo o que vem como percentagem – até dizemos que melhorou ou piorou de um período para outro – se é isso que a gente acredita que seja a mensuração apropriada, podemos estar redondamente equivocados. Qual é a alternativa?
Fico imaginando esses relatórios todos, que vêm através dessas medidas indiretas em relação a algo que eu posso sentir percorrendo a organização como um todo e conversando com as pessoas. Possivelmente, a avaliação que cada um de nós, líderes da organização, faria através de uma observação direta (mais do que isso, de um sentir direto de como é que está o clima no grupo ou o nível de engajamento a partir daquilo que observa no comportamento nas reuniões, do comportamento no trabalho, etc), nós começaríamos realmente a tocar aquilo que interessa e possivelmente poderíamos ter uma visão muito diferente daquilo que os números estão apontando a partir das metodologias indiretas que as pessoas criam para tentar mensurar o que, na base, não é mensurável e ponto.
Eu gosto, inclusive, de um poema do taoísmo, aliás, o primeiro do Tao Te Ching (que contém todos os princípios mais importantes, os 71 poemas que definem os princípios do taoísmo). O poema diz: “o tao que pode ser expresso em palavras não é o verdadeiro tao”, o que significa que não podemos confundir imagem com a realidade, não podemos confundir números com a realidade real que encontramos.
A minha grande reflexão tem sido, no APG, nós estamos cada vez mais em contato com a realidade real para sentirmos que realidade é essa que precisamos muitas vezes mudar, alterar ou até honrar nas nossas ações dia a dia.