“Em tempos de bonança, em tempos bons em geral, as pessoas estão um pouco acomodadas, fazendo a coisa no dia a dia e tal, como se fosse uma coisa muito normal, e não são incentivadas a pensar em inovações já que está tudo indo muito bem. Um dos papéis do líder extremamente importante é criar distúrbios, disturbar a organização para tirar as pessoas da zona de conforto. Isso pode ser feito artificialmente, ou seja, criando uma crise, criando um desafio que desloque as pessoas do morno do dia a dia. Por exemplo, pegar uma região específica do país onde nós estamos fracos e fazer um mutirão para triplicar os resultados naquela área.

Então, eu criei um desafio importante para a organização, às vezes nem tanto, mas que cria esse estado de espírito que faz as pessoas saírem do feijão com arroz do dia a dia, saírem para uma missão fora da sua caixa. De repente, nesse mutirão vai encontrar pessoas, uma anima a outra e muitas ideias inovadoras vão ser geradas para se chegar a esse objetivo de triplicar os resultados naquela região específica. Digamos que isso dure um mês, as pessoas vão voltar para suas bases e já não serão as mesmas, já estarão estimuladas por esse desafio e no processo de chegar a esses resultados diferentes, o grupo inteiro que participou teve que criar coisas diferentes, coisas fora da caixa, contaminados por esse processo de inovação para essa equação específica eles já não vão fazer o feijão com arroz do jeito que faziam. Então, esse é um processo que os líderes podem sistematicamente fazer.

É claro que depois de seis meses tudo voltou ao normal e ao morninho, digamos assim. Essa é a outra hora de criar um outro desafio, por exemplo, assegurar que os maiores clientes sejam visitados por todos os membros da equipe, em duplas, trios e tal com uma pauta específica, ou seja, fazer com que as pessoas saiam do conforto de seus escritórios com ar-condicionado e visitem os clientes. Nesse momento você também está disturbando a organização e está aumentando a sensibilidade de todos em relação às necessidades dos clientes. É exatamente essa sensibilidade que vai provocar a inovação. Vamos criar um serviço que atenda melhor os clientes, assim, assim, assado. Mais uma vez, são esses distúrbios que fazem com que todos se desloquem desse processo de ficarem presos no morno. Acho que é soltar a imaginação e criar “distúrbios positivos e negativos”, coisas que desancorem as pessoas exclusivamente do curto prazo.”