A efetiva execução das estratégias que criamos pode depender muito dos líderes que compõem a rede social paralela à estrutura formal das organizações
Considere um líder exemplar – vamos chamá-lo de “X” – numa gestão hierárquica, mecânica e de “comando e controle”. O que hoje em dia mais caracteriza o executivo “X” é a falta de tempo, sua “indisponibilidade”. A noção que ele tem de interconectividade, em muitos dos casos, limita-se a estar ligado a tudo e a todos por meio de seus vários “auxiliares eletrônicos”. Para “X”, estar disponível significa abrir todas as mensagens que recebe – até mesmo durante as reuniões – e respondê-las rapidamente, mesmo que seja com comentários ou até decisões de uma só frase. Nesse contexto de aparente alta conectividade há, na verdade, cada vez menos diálogos, cada vez menos conversas significativas. Mesmo quando há oportunidade para isso, o líder “X” está sempre com pressa, como que dominado pela ideia de que o executivo objetivo, rápido e lacônico é o que tem mais chance de se tornar CEO um dia (se já não for…).
Considere, por outro lado, uma pessoa que tenha grande influência dentro da “rede de redes” que existe nas organizações. Mesmo nessa organização altamente hierarquizada, liderada por executivos do estilo “X”, é possível encontrar uma rede social muito pulsante, numa dimensão paralela à estrutura formal rígida e impessoal. É nessa dimensão paralela que estão os líderes “Y”, pessoas que nem sequer ocupam cargos formais de destaque, mas que afetam significativamente os resultados da organização. Tecnicamente, na área de Análise de Redes Sociais, recebem nomes como hubs (pessoas que são pontos de aglutinação e disseminação de informações dentro da organização), gatekeepers (pessoas que conectam diferentes partes da empresa) e pulsetakers (pessoas que têm o dedo no pulso da organização, por terem muitos relacionamentos e por “sentirem” o todo).
Ao contrário do executivo “X”, o que melhor caracteriza o líder “Y” é sua disponibilidade. Ele é o tipo de pessoa que desenvolve seus trabalhos no dia a dia sem se deixar estressar – seja pelas pessoas, pelo volume de e-mails que recebe ou principalmente pelas premissas do seu próprio modelo mental. Para “Y”, tudo parece ocorrer de forma natural. Ele tem tempo para conversar com a equipe, provocar diálogos robustos sobre temas estratégicos, relacionar-se, conhecer pessoas de outras áreas, compartilhar ideias, criar em conjunto com elas, fortalecer a confiança entre todos, expandir o conceito de equipe para além das fronteiras dos pequenos feudos. É o velho conceito de comunidade que assume novas dimensões na sociedade globalizada do século 21…
Considere agora um executivo de cúpula que seja “Y” e também “X”. Alguém que, mesmo numa estrutura ainda predominantemente mecânica/hierárquica, consegue atuar de forma extremamente eficaz também na dimensão das redes sociais informais de sua organização e até da própria comunidade. E sempre como “XY”, ou seja, como líder formal e como hub, gatekeeeper e pulsetaker nas redes sociais. Será que não é desse tipo de líder que mais vamos precisar em nossas organizações daqui para a frente? Pensando melhor… não seriam os líderes “XY” aqueles que sempre foram os mais necessários na sociedade e os que têm conseguido os feitos mais extraordinários ao longo da história da humanidade?…