Reflexões OM sobre o que vem acontecendo no mundo (2020).

por Oscar Motomura

Como todos vocês, tenho refletido sobre o que o mundo vem vivendo nestes últimos meses. E é claro, as reflexões vêm acontecendo na linha do que fazemos no APG. Qual a causa da causa disso tudo que vem acontecendo? Numa atitude “pró-soluções” o que todos nós deveríamos estar fazendo? Soluções mais “locais”para ajustar o que vimos fazendo em nosso trabalho? Soluções mais macro visando resolver algo que transcenda seu próprio trabalho e que de alguma forma ajude a sociedade como um todo? “Fazer ajustes incrementais” seria o suficiente ou vamos ter que encarar de frente verdadeiras “reinvenções” (que vimos consistentemente definindo como algo absolutamente essencial há décadas no APG e nos projetos de preparação para o futuro de nossos clientes)?

Na série de artigos e vídeos curtos que estou começando hoje, gostaria de compartilhar com todos vocês o que venho refletindo, o que venho intuindo e o que vem passando por meu espírito. Muitos insights… Alguns bastante “micro”, digamos, e outros no extremo do macro, sobre o que os líderes mundiais deveriam fazer para elevarem seus níveis de consciência, “despertarem” para os desafios do mundo a partir do que a atual pandemia está gerando, reinventarem o jeito de liderar seus países sempre agora com foco agudo no bem comum, transcendendo todo tipo de egoísmo, inclusive o “egoísmo coletivo” (que tanto trabalhamos no APG).

Algo bastante micro seria o “despertar” de cada cidadão deste mundo. Todos vêm sendo afetados em suas vidas. E praticamente quando todo nós, ao sermos atingidos junto com bilhões de seres humanos do mundo todo, tendemos a ficar naturalmente acima da pequenez dos problemas que vivemos em nosso dia a dia. Ficamos conscientes, de repente, da quantidade de “picuinhas” que vêm estado presentes em nossas vidas até agora…  Em momentos como este, todas aquelas coisas que nos incomodavam, nos aborreciam, nos levavam a polarizações, conflitos, brigas, ataques etc. de repente viram “picuinhas das picuinhas”…. Tudo instantaneamente… Neste sentido, tudo isso que está acontecendo pode ser visto como algo gerado pelo Universo direcionado para nosso despertar coletivo. Um pequeno milagre que nos faz redescobrir o valor da vida. Nossa vida, de nossos entes queridos, de todos, no mundo. (O conceito de bem comum passa a ficar super concreto para todos nós). É a historia que costumo contar no APG: no leito de morte, parece que todas as prioridades entram no lugar certo. Nesse momento, queremos estar com as pessoas que amamos, queremos estar “reconciliados com todas as coisas do céu e da terra”… Nessa hora, o bônus que deixei de ganhar, o espaço que perdi para meu concorrente (típicos da vida organizacional) representam simplesmente a “picuinha da picuinha da picuinha”…. (E, no entanto, deixamos que essas picuinhas atormentem nosso dia a dia durante a vida, muitas vezes tornando-a miserável…). A grande crise que vivemos hoje tem o enorme potencial de nos ajudar… Que tal aproveitar esta grande oportunidade trazida pelo Universo para  atropelar as picuinhas de nosso dia a dia e não deixar que voltem…? Que tal colocar sempre em primeiro plano a qualidade de nossos relacionamentos, a harmonia entre todos nós, o “zerar” de todo tipo de conflito e violência nas relações entre todos os seres vivos?

Outro insight, no extremo do macro (até em contraste com o micro do micro sobre o qual acabamos de refletir): a crise que estamos vivendo hoje não surgiu do nada. Ela é consequência da consequência da consequência de grandes crises que vêm se configurando e se manifestando há séculos. Não são crises isoladas. Elas estão sistemicamente conectadas entre si. Duas guerras mundiais durante o século 20. A deterioração do clima. Desigualdades no mundo aumentando. Corrupção endêmica. Valores em declínio. E aí vai… A origem de tudo isso trabalhamos no APG há décadas. A arrogância do ser humano criando “jogos” e sistemas que vão concentrando riquezas em vez de distribuí-las com justiça. Jogos que consideram a própria sociedade como uma “máquina” e não como um organismo vivo…  O desprezo à Natureza, como se o ser humano não fosse parte dela…

Qual a grande esperança aqui? Assim como na dimensão micro que descrevemos no início deste artigo, o que está acontecendo no mundo pode ser um despertar para todos. Talvez naturalmente líderes mundiais passem a refletir sobre a natureza sistêmica das várias crises que temos vivido e mudem o jeito de liderar. E criem condições para as grandes transformações/reinvenções que se fazem necessárias. E não mais de forma top-down, mecânica, hierárquica de comando e controle, mas de um jeito biológico, natural, em que se leve em conta que a própria sociedade é um organismo vivo e não uma máquina. Ao fazer isso, as grandes transformações tenderão a acontecer “em mutirão”, com altíssima participação de todos da sociedade. É o conceito de “sociedade que toma conta de si”. Até que ponto tudo que vivemos hoje tenderá a resgatar esse conceito (“sociedade que toma conta de si”) e isso represente uma profunda reinvenção do próprio conceito de democracia para estes novos tempos, em que não mais reflitamos sobre uma democracia local, mas global…?

Até que ponto a Humanidade como um todo precisa de um imenso processo de transformação cultural, saindo de um jeito mecânico de ver a vida para um jeito em que todos vejam a sociedade como um grande organismo vivo em contínuo processo de transformação? Até que ponto a pandemia que chega à Humanidade como um todo está abrindo as portas pela enésima vez para essa megatransformação cultural?

Lembra-se da mega transição da cultura mecânica para a biológica/caórdica que trabalhamos no APG? Trata-se aqui de uma equação de difícil solução? Com certeza. É algo em termos de escala e complexidade sem precedentes. Uma “megaequação impossível”, como costumamos trabalhar no APG. Como solucionar uma “equação impossível”?  Sendo triplamente criativos, genialmente estratégicos. Mas, mais do que buscando ser geniais de forma isolada, estes momentos que vivemos hoje nos inspiram a sermos coletivamente geniais. 

E onde estamos nesse quadro geral? Lembra-se do mutirão que limpou as florestas da Estônia (com lixo acumulado durante décadas) em somente um dia (na verdade 5 horas)? Tudo começou com um cidadão comum. Em poucos dias, eram 20 pessoas (colegas/amigos/pares) que logo congregaram mais de 600 pessoas na coordenação do mutirão. No dia marcado, 50 mil pessoas foram às ruas e limparam o país todo, gerando como importantíssimo subproduto uma imensa mudança cultural (depois do mutirão, as pessoas passaram a ficar com vergonha de jogar lixo na floresta…). Assista o filme: Mutirão Estônia. Gostaria de ser o cidadão engajado que começa a trabalhar as ”equações impossíveis” que o Universo está trazendo para a Humanidade hoje…?

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