Estamos entrando em um cenário de incrível turbulência e forte oscilação negativa da atividade econômica. Ajustes rápidos terão que ser feitos para assegurar a continuidade dos negócios. Num cenário como esse, o movimento estratégico mais inteligente é executar o quanto antes esses ajustes, porém sem se descolar dos possíveis futuros que se configuram no pós crise.
Neste início de 2020 o setor de varejo na América Latina registrou as taxas mais altas de crescimento em faturamento e lucratividade para o período 2018-19, em comparação com todas as demais regiões do mundo. Esses bons resultados foram atingidos apesar de uma queda de 5,3 pontos percentuais no volume em relação ao ano fiscal anterior. Nesse contexto, é tentador supor que a região estará a salvo da onda de forte retração do varejo tradicional em outras regiões. Essa é uma suposição que embute riscos consideráveis. Em 2019 nos EUA houve o fechamento de 9.200 lojas e só neste começo de ano já foram anunciados pelo menos mais 1.200 fechamentos de varejistas grandes como Macy’s, JCPenney, Express and Pier 1 Imports. E tudo isso antes da crise do coronavírus.
Face a esses movimentos, varejistas devem estar continuamente antenados a tendências que poderão afetar fortemente seus negócios nos próximos meses e anos.
1. O VENDEDOR COMO GRANDE DIFERENCIAL
Os vendedores em contato direto com o consumidor serão o grande diferencial entre a experiência na loja e a experiência online. Uma equipe bem preparada, bem dimensionada e alocada, com bom conhecimento sobre o produto e preparada para fazer recomendações de qualidade para o consumidor fará toda a diferença.
2. TRANSFORMAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS EM PLATAFORMAS
As empresas de varejo mais bem sucedidas serão aquelas capazes de criar plataformas multipartes. Essas plataformas são as tecnologias, produtos ou serviços que criam valor porque viabilizam interações diretas entre um ou mais clientes ou grupos participantes. Mas será cada vez mais difícil capturar e monetizar o seu potencial.
3. ANALYTICS, BIG DATA, ESTATÍSTICA AVANÇADA
Os varejistas de maior sucesso empregarão cada vez mais técnicas estatísticas avançadas e tecnologia como machine learning para melhorar sua lucratividade. Esses recursos permitirão cada vez mais precisão na previsão da demanda por novos produtos, na otimização de preços e promoções.
4. CADA VEZ MENOS IMPORTÂNCIA PARA TEMPORADAS DE COMPRAS
O modelo tradicional de supervendas em temporadas como Natal tende a perder força. A abundância de informações e a digitalização da economia fazem com que os consumidores queiram cada vez mais liberdade e controle sobre seus hábitos de compra. Mais consumidores estão em “modo de compra” o tempo todo.
5. EXPERIÊNCIA DE VAREJO “SEM ATRITO”
Até mesmo a experiência mais personalizada e descomplicada de varejo ainda demanda que os clientes enfrentem o pagamento na saída. Mas isso tende a acabar. Experimentos de empresas como Amazon estão voltados a eliminar todos os pontos de “atrito” na experiência de compra, levando a novos níveis de conveniência e velocidade.
6. CONEXÃO DIRETA DAS MARCAS COM O CONSUMIDOR
Continua a crescer o interesse dos fabricantes de produtos nos modelos D2C (direto ao consumidor). Ainda há preocupações quanto a conflitos com os canais de distribuição. Mas as marcas continuarão a experimentar com novos canais e novas tecnologias para adicionar valor aos consumidores e eliminar intermediários.
7. A LOJA COMO UM “SHOWROOM” ORIENTADO PARA EXPERIÊNCIA
As lojas físicas tradicionais continuarão a fechar. No seu lugar estão surgindo “showrooms” orientados para experiência. Seus principais criadores são empresas nativas digitais e que agora estão migrando para o físico em busca de diferenciação como, por exemplo, a empresa de óculos Warby Parker e a própria Amazon, com a compra da Whole Foods Market e a criação da Go.
Que outras tendências você acredita que devem ser consideradas por empresas de varejo? Como essas empresas deveriam se preparar para esses possíveis futuros? O que começar a fazer desde já para surfar essas ondas?